Detetives continuam sendo opção em casos de suspeita e traições
O colega de trabalho na mesa ao lado, o entregador de pizza, o vendedor na esquina do seu prédio e o faxineiro (este com acesso a todos os ambientes e sem levantar suspeitas). Você desconfia que pode estar sendo observado? Mesmo com toda a tecnologia disponível como microcâmeras, gravadores minúsculos e rastreadores por satélite a figura do detetive assumindo disfarces é insuperável. O avanço tecnológico não diminuiu a demanda por investigações particulares, afirmam os profissionais do ramo. Dessa forma, eles reforçam que nenhum aparelho poderá superar a inteligência de um detetive capacitado.
O mundo dos detetives abrange vários tipos de casos. Um profissional das investigações poderá especializar-se em investigações conjugais, empresariais, localização de pessoas e até resolver crimes insolúveis, por exemplo. Como esclarece o detetive e coordenador de uma agência de investigações, Mário Biolada, as técnicas para solucionar cada caso são definidas mediante análise de cada situação.
Na agência de Biolada, de 40 casos resolvidos em média por mês, 28 são casos empresariais. Ele esclarece que para as investigações empresariais serem possíveis os detetives são infiltrados nas companhias. (Portanto tome cuidado, alguém pode não ser só um colega de trabalho e pode estar te observando agora).
Para não serem alvo de suspeitas, os infiltrados precisam entender da função que irão desempenhar dentro da firma, nem que isso exija treinamento prévio. Para exemplificar, ele cita desvios de recursos da firma por um sócio, vazamento de informações e desfalque nos estoques. ”As investigações conjugais acabam em divórcio e as empresariais, na delegacia”, brinca.
Para o coordenador de outra agência de investigações, Devanir Siqueira, a tecnologia mais auxilia do que retira trabalho do profissional que vive de investigações. ”A tecnologia aumentou a agilidade na solução dos casos”, avalia, acrescentando que ”as armas de um bom detetive são uma boa câmera fotográfica, uma gravadora e principalmente a inteligência”.
Segundo ele, um detetive de qualidade deverá observar tudo e falar pouco; entrar nas situações mas conseguir sair de todas sem se expor. Na opinião do diretor de outra empresa, Anésio Damião, existem muitos detetives que sabem apenas utilizar a tecnologia disponível. ”Esses profissionais seriam capazes de atuar em casos mais simples como os conjugais”, acredita.
Damião destaca que até a aparência do detetive interfere no tipo de missão a qual ele irá participar. ”Quando uma pessoa irá trabalhar infiltrada, ela terá que possuir um tipo físico coerente com o padrão do local investigado. Tudo para não levantar suspeitas ou chamar muita atenção”, afirma.
Apesar das controvérsias, todos os detetives concordam que não existe crime perfeito e é nisso que eles se apegam para trabalharem. Damião é especialista em resolver crimes declarados como insolúveis pelos investigadores da polícia.
Ele revela que começa um caso analisando todos os autos do processo, depois avalia as linhas de investigação seguidas pela polícia e que não solucionaram o crime, por fim, elabora outras hipóteses e investe nelas. ”Não existe crime insolúvel, existe investigação mal executada”, reforça. Damião ressalta que a chave do sucesso está em perceber os detalhes que passaram despercebidos durante o trabalho policial.


